ademir

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Polybia sericea



Vespa enxameante

Marimbondo chiador

Este enxame se instalou em uma arbusto no meu quintal, onde fiz esta sequência de fotos.
Arceburgo-Minas Gerais
Bioma predominante:Mata Atlântica
Coordenadas geográficas
S 21º 21' 45.39", W 46º 56' 15.15"

Local onde as Vespas se instalaram em outubro-2013

ECOLOGIA Insetos conhecidos por suas ferroadas podem ajudar a conter pragas

Vespas: de vilãs a parceiras

As vespas, insetos pertencentes ao mesmo grupo que formigas e abelhas, são mais conhecidas por
suas dolorosas ferroadas do que por sua ecologia. Na verdade, elas são inimigos naturais de outros insetos que se alimentam de plantas. Uma colônia de vespas do gênero Polybia com 40 mil indivíduos,
por exemplo, pode capturar mais de mil lagartas de borboletas por dia. Estudos sobre a atuação predatória de vespas sociais têm demonstrado o seu potencial para o controle biológico de várias espécies
de insetos consideradas pragas agrícolas, o que reforça a importância de investigar melhor as interações ecológicas entre vespas e herbívoros. Por Fábio Prezoto, Simone Alves de Oliveira Cortes e
André Carneiro Melo, do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Comportamento e Biologia Animal), do Laboratório de Ecologia Comportamental da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
As vespas são insetos com dois pares de asas membranosas, ‘cintura fina’ e um ferrão, embora tais características não estejam presentes em todas as espécies. Há cerca de 100 mil espécies conhecidas, amplamente distribuídas pelo planeta, exceto nas regiões mais geladas, e podem ser classificadas, de acordo com sua organização social, em solitárias e sociais. No Brasil, muitas dessas espécies também são chamadas de marimbondos
O grupo das vespas solitárias, com mais de 98% das espécies conhecidas, inclui as parasitóides e/ou predadoras de um amplo leque de invertebrados, como lagartas, grilos, percevejos, pulgões, baratas e aranhas. As parasitóides põem os ovos sobre as vítimas e suas larvas alimentam-se do corpo destas. A palavra inglesa wasp (que deu origem a ‘vespa’) significa ‘carregador de cadáver’, e provavelmente foi atribuída a tais insetos porque algumas espécies carregam as presas para seus ninhos (figura 1). Entre as vespas solitárias há desde espécies com poucos milímetros de comprimento, como as do gênero Trichogramma, que parasitam ovos de outros insetos, até algumas com mais de 5 cm, como as do gênero Pepsis, que caçam aranhas.
Algumas vespas solitárias põem seus ovos sobre as vítimas no ambiente natural, como Cotesia flavipes, parasitóide da lagarta Diatraea saccharalis (conhecida como broca da cana-de-açúcar), mas outras precisam de um ninho para abrigar a prole. Para isso, podem ocupar cavidades preexistentes (saliências no solo ou em troncos), cavar orifícios no solo ou construir ninhos com barro – estes associados, com freqüência, a construções humanas.
As vespas sociais
Nas espécies de vespas sociais os indivíduos vivem juntos e formam colônias, nas quais se observam diferenças de comportamento entre os integrantes e, em algumas espécies, também diferenças morfológicas, o que resulta na presença de castas especializadas. São reconhecidas, nesses casos, duas castas básicas: as fêmeas maiores (identificadas pelo abdômen avantajado) são as rainhas, responsáveis pela postura dos ovos. Os demais indivíduos, menores, são os operários, que mantêm o ninho, buscam alimentos e defendem a colônia contra inimigos.
São conhecidas pouco mais de 900 espécies de vespas sociais, das quais 552 (56,67% do total) vi-
vem nas Américas e 319 (32,75%) só no Brasil. Essas vespas exibem três características fundamentais: presença de cooperação entre integrantes da colônia no cuidado com a prole, sobreposição de gerações convivendo na colônia e divisão de tarefas (rainhas e operárias).
Essas vespas constroem ninhos – ‘vespeiro’, ‘caixa de marimbondo’, ‘enxu’ etc. – embaixo de folhas, em troncos de árvores e em cavidades naturais de rochas ou cupinzeiros abandonados. Os ninhos também são instalados em áreas urbanas, seja em construções humanas (em beirais, vigas de madeira e outros locais) ou em plantas de praças e jardins (figura 2). Para a feitura dos ninhos, as vespas geralmente usam fibras vegetais decompostas. Elas trituram as fibras nas mandíbulas e misturam com saliva, produzindo um material semelhante ao papel, que protege contra a umidade e ajuda a manter a temperatura interna. Algumas espécies adicionam barro no processo, o que confere ao ninho coloração e resistência particulares.
Os ninhos são muito diversos, variando desde um único favo descoberto, com cerca de 5 cm de diâmetro e poucas dezenas de células, até ninhos com mais de 50 cm de comprimento, que podem permanecer ativos por anos, com vários favos sobrepostos envoltos por uma ‘capa’, abrigando milhões de células (figura 3). A formação de novas colônias ocorre em geral na época quente e úmida do ano (primavera e verão), por ‘enxameagem’ ou fundação independente. No primeiro processo, um enxame com várias rainhas e centenas ou milhares de operárias deixa a colônia original e busca um local adequado para instalar o novo ninho. Na fundação independente, a nova colônia é iniciada por apenas uma vespa ou um grupo com poucos indivíduos.
O clima tropical, no Brasil, favorece o desenvolvimento das colônias durante todo o ano. Nas regiões
de clima temperado, as vespas só estão ativas na primavera e no verão, passando, principalmente durante o inverno, por um período de hibernação.
Vespas adultas alimentam-se de néctar, obtido de flores variadas, em especial as de corola curta, já que o aparelho bucal curto desses insetos dificulta a coleta de néctar nas de corola longa. Ao buscar néctar, as vespas podem carregar o pólen em seu corpo de uma flor para outra, contribuindo para a polinização da
planta visitada, em mais um importante papel ecoló-
gico (figura 4). As larvas das vespas precisam de proteínas, obtidas das presas capturadas pelos adultos (figura 5), mas larvas de vespas sociais também podem consumir o néctar coletado nas flores.
Controle de pragas
As vespas obtêm cerca de 90% a 95% da proteína que consomem de lagartas de borboletas ou mariposas, segundo estudos de vários pesquisadores. A preferência por esse grupo específico de presas revela o potencial de uso de vespas sociais para o controle biológico de pragas de diversas culturas, já que as lagartas representam o principal grupo de herbívoros que ataca plantas cultivadas.
Do ponto de vista ecológico, o emprego de vespas para eliminar as lagartas das plantações é vantajoso se comparado ao uso de inseticidas. Além de não ter efeitos tóxicos para os humanos e o ambiente, a predação por um inimigo natural não leva ao surgimento de resistência, em curto prazo, no inseto-praga. Além disso, o manejo de colônias de vespas sociais junto às lavouras tem custo mais baixo que o do controle químico de pragas.
O controle biológico pode ser bem eficaz. Uma
colônia bem desenvolvida da vespa Polybia paulista pode abrigar cerca de 50 mil indivíduos adultos, que capturam mais de mil presas por dia. Assim, uma colônia da espécie ativa por quatro anos pode eliminar
desenvolvida da vespa Polybia paulista pode abrigar cerca de 50 mil indivíduos adultos, que capturam mais de mil presas por dia. Assim, uma colônia da espécie ativa por quatro anos pode eliminar mais de 1,5 milhão de lagartas nesse período. Em estudo pioneiro realizado no Brasil, por um dos autores (Prezoto) e pela entomóloga Vera Lígia Machado, a associação de colônias da vespa social Polistes simillimus ao redor de uma plantação de milho resultou em grandes reduções da incidência de lagartas que atacam essa cultura: 77,16% no caso da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e 80% no caso da lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), após
a introdução das colônias na plantação. Os pesquisadores constataram aumento de cerca de 15%
na produtividade das culturas associadas a colônias de vespas, em relação a culturas sem essa associação, mantidas nas mesmas condições.
Outros estudos, sobre presas capturadas pela ves-pa social Polybia platycephala em ambiente urbano, mostraram que as principais ‘vítimas’ dessa espécie foram larvas de mosquitos (33,4% do total de presas), além de formas aladas de cupins e formigas. Esse resultado indica o potencial dessa espécie de vespa na redução da população desses outros insetos, considerados pragas urbanas. Além do controle biológico, as vespas representam um potencial inexplorado para variadas áreas da ciência, entre elas a medicina e a sociobiologia.
Os maiores obstáculos para o uso de vespas no controle de pragas talvez sejam o temor das ferroadas
e o desconhecimento de seu valor econômico, como inimigo natural de herbívoros, e de suas características ecológicas e comportamentais. É importante lembrar que a ferroada é um comportamento defensivo, que só ocorre quando a colônia é perturbada. É possível estudar e manejar as colônias evitando o risco de ferroadas, mas para isso é preciso conhecer o comportamento das espécies e treinar de modo adequa-
do o pessoal envolvido.
O pouco conhecimento da ecologia das vespas torna difícil afirmar quais espécies estão ameaçadas
de extinção. É possível, no entanto, que algumas já
estejam desaparecendo, já que a eliminação e a redução da cobertura vegetal original contribuem diretamente para extinção desses insetos. Para avaliar esse aspecto e definir estratégias de manejo e conservação das espécies são necessários estudos científicos em diferentes ambientes (preservados e com interferência humana).
As vespas sociais de regiões neotropicais, como o Brasil, constituem um recurso valioso da biodiversidade, em função de suas interações ecológicas e do seu potencial como agente de controle biológico. Ampliar os conhecimentos sobre a ecologia, a biologia e os comportamentos desses insetos ajudará a diminuir a impressão negativa que a população tem sobre eles. É preciso divulgar cada vez mais que esses insetos são benéficos e estão mais para amigos do que para inimigos da humanidade.

Identificação da espécie e texto, colaboração do

PROF. DR. FÁBIO PREZOTO

Laboratório de Ecologia Comportamental - LABEC
Depto. de Zoologia - ICB
Universidade Federal de Juiz de Fora
Campus Universitário - Martelos
Juiz de Fora - MG, Cep. 36.036-900
Fone/fax: (32) 3229-3223



INSETOS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 9

MARIMBONDOS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 2




4 comentários:

  1. Gostei, Ademir! Sim, as vespas, como as joaninhas, abelhas etc., são insetos extremamente benéficos e úteis: são inimigos naturais de diversas pragas que atacam as lavouras. E alguns, como as abelhas, ainda produzem mel.

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  2. Parabéns amigo belo flagrante, mas cuidado, ela pode ser bastante agressiva.

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  3. Fui fazer um video para pessoal da Faculdade de Juiz de Fora-MG, e ja senti sua ferroada.rs

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  4. Oi Ademir,
    Temo as ferroadas, mas sei da importâncias deles, mas aqui quando aparece, as pessoas esperam anoitecer, e então queimam os coitadinhos, até os bombeiros agem assim com os marimbondos e abelhas, pode?
    Abraços!!!

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