ademir

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Lobo-guará

Nome científico: Chrysocyon brachyurus
Nomes Populares: lobo, guará, lobo-guará, lobo-de-crina, lobo-de-juba, lobo-vermelho

A espécie foi originalmente descrita no gênero  Canis, mas agora é incluída no gênero monotípico Chrysocyon. É o maior e mais distinto canídeo silvestre da América do sul, sendo a única espécie do gênero Chrysocyon. Habita os campos e cerrado da América do Sul, a partir do Nordeste do Brasil até o Pantanal e o Chago do Paraguai e da Bolívia ao Rio Grande do Sul e fronteira com o Uruguai e a Argentina até o paralelo 30º S. Tem estendido sua área de distribuição, provavelmente, como resultado da transformação de áreas de Mata Atlântica em pastagens, mono e silviculturas, parecendo se adaptar à oferta de alimentos disponíveis neste ambiente.



Um cão de grande porte, dando-lhe um aspecto muito esbelto e magro, cabeça-corpo 95-115 cm e cauda 38-50 cm; peso 20-30 kg. O lobo-guará é difícil de confundir com qualquer outro canídeo devido às pernas finas, pelagem avermelhada e focinho preto, garganta branca, orelhas grandes com interior branco, pernas dianteiras pretas e a maior parte distal dos membros posteriores preto. A pegada deste animal é facilmente distinguível em campo, principalmente, pelo tamanho grande, coxim pequeno em relação aos dedos e impressão de quatro dedos com garras. A fórmula dentária é: I 3/3, C 1/1, P 4/4 M 2/3.

Prefere áreas tomadas por gramíneas altas, habitats arbustivos, mata aberta, cerrado, e campos úmidos (que podem ser inundados sazonalmente). Algumas evidências indicam que localmente, eles podem preferir áreas com baixa densidades de arbustos. Áreas de repouso diurno incluem florestas de galeria, veredas, cerrado e áreas pantanosas perto de rios. Há alguma evidência de que eles podem utilizar terras cultivadas para a caça e descanso, mas faltam estudos adicionais essenciais para quantificar o quão bem a espécie tolera atividade agrícola intensiva. 



Onívoro, consumindo frutas e, principalmente, pequenos e médios vertebrados, numa dieta amplamente variada 50% vegetal e 50% animal. Os frutos-de-lobo, ou lobeira Solarium lycocarpum  é uma fonte primária de alimento; outros itens importantes incluem pequenos mamíferos (Caviidae, Muridae, Echimydae) "cachorro-do-mato" (Cerdocyon thous) e tatus ( Dasypodidae), outras frutas (Annonaceae, Myrtaceae, Palmae, Bromeliaceae, e outros), aves (Tinamidae, Emberizidae, e outros), répteis e artrópodes. Embora a frequência de plantas e animais encontrados em amostras fecais seja aproximadamente igual, a dieta varia de acordo com a disponibilidade de alimentos. Pelo menos ocasionalmente, veados campeiros (Ozotoceros bezoarticus) também são consumidos em 24% de 1673 amostras de fezes analisadas. Em estudo sobre os "lobos-guará" da Fazenda Monte Alegre, no Estado do Paraná, verificou-se que sua dieta é composta por frutos (45,93%), vertebrados (26,07%), insetos (12,83%), gramíneas (10,76%) e lixo orgânico (4,41%), havendo maior consumo de frutos da palmeira "jerivá" (Syagrus romanzoffiana), abundante durante praticamente todo o ano, "lobeiras", pequenos roedores Sigmodontinae e besouros (Coleoptera). Observou-se que, apesar da área possuir um alto impacto sobre o ambiente natural, devido ao manejo de silvicultura, a espécie mantém uma dieta semelhante à encontrada para áreas de maior preservação. Saltam para capturar pássaros e insetos, e correndo atrás de veados. Aproximadamente 21% de todas as tentativas de caça terminaram com sucesso na captura de presas, e as estratégias utilizadas não diferem em suas taxas de sucesso. Os lobos-guará foram registrados alimentando-se de animais que foram capturados em armadilhas por caçadores, e foram observados comendo carcaças frescas de forma oportunista, atropeladas em estradas. Noturno e crepuscular, pode caçar por até oito horas consecutivas.

Os lobos- guará parecem ser facultativamente monogâmicos. As áreas de vida de pares conjugais do Parque Nacional da Serra da Canastra variam em média de 21,7-30 km² mas em outros lugares são maiores, com média de 57 km²  (15,6-104,9 km²) na Estação Ecológica Águas Emendadas e 49 km² no Parque Nacional das Emas. As fronteiras desses territórios parecem estáveis ao longo do tempo e são defendidos contra pares adjacentes. Cupinzeiros são preferencialmente demarcados com urina contra o vento e indivíduos sem territórios parecem se mover ao longo destes limites de territórios. A vocalização mais frequentemente ouvida é um único latido isolado, o que pode ocorrer durante qualquer hora do dia ou da noite durante todo o ano. Fêmeas entram no cio uma vez por ano por aproximadamente cinco dias. A época de reprodução é de abril a junho. Existem inúmeros relatos publicados de comportamento reprodutivo em cativeiro, mas pouca informação está disponível a partir de populações selvagens. Em cativeiro, a frequência de vocalizações e o aumento da marcação com urina ocorre durante as primeiras semanas antes do acasalamento e a quantidade de tempo gasta no namora aumenta significativamente durante o período de estro. A corte é caracterizada por abordagens frequentes, a investigação genital mútua, e as interações lúdicas culminam em cópulas frequentes durante o estro; mas a reprodução bem sucedida inclui uma cópula que pode durar vários minutos. No Parque Nacional das Emas, Brasil, um casal foi observado durante a noite por aproximadamente três horas e meia, vocalizado com frequência, sempre que um dos parceiros estava fora de vista. O macho marcou com urina ou fezes, onde quer que a fêmea tenha passado. A duração da gestação é de aproximadamente 65 dias, a maioria dos nascimentos ocorre de junho a setembro, durante a estação seca. Uma fêmea deu a lua à três filhotes em uma cama de grama e aos 45 dias de idade os filhotes ainda não tinham deixado o ninho e pesavam 2 kg (fêmeas) e 2,25 kg (machos). Todos os ninhos encontrados na natureza tem sido vistos acima do solo, protegidos por arbustos, fendas de rochas, barrancos e montes secos em locais pantanosos. Em cativeiro, uma análise de 361 nascimentos indicaram que picos de parto ocorrem em junho (inverno) e o tamanho médio da ninhada é de três (varia de 1-7). Entretanto, na região central do Brasil há nascimentos registrados entre os meses de abril e junho.



Peso médio do filhote ao nascer é de 390-456 g (n = 8). Os filhotes nascem de cor preta com a ponta da cauda branca. Os cuidados maternos começam a diminuir após o primeiro mês, e o desmame completo se dá com 15 semanas. Filhotes começam consumindo alimentos sólidos regurgitados pelos pais em cerca de quatro semanas de idade, continuando até sete meses após o nascimento. Os filhotes ficam dentro do território por cerca de um ano, quando começam a se dispersar, quando atingem a maturidade sexual, mas geralmente não se reproduzem até o segundo ano. Um dos muitos aspectos desconhecidos do comportamento do lobo-guará é o papel do sexo masculino no cuidado dos filhotes. Filhotes foram vistas acompanhados de dois adultos e uma fêmea com filhotes foi vista acompanhada por um macho muitas vezes. Em cativeiro, os machos aumentam as taxas de sobrevivências das crias e são frequentemente observados regurgitando para os filhotes, no entanto, a confirmação direta de cuidados parentais masculinos na natureza ainda está por se confirmar.

Apêndice II da CITES. Classificada como Quase Ameaçada na Lista IUCN, a população global atual é estimada em 13.000 indivíduos. Os lobos-guará são protegidos por lei em muitas partes, como na Argentina (classificada como "em perigo" na Lista Vermelha) e incluído na lista e animais ameaçados no Brasil. Os lobos-guará existem em baixas densidades comuns. A ameaça mais significativa é a redução de habitat, especialmente para a conversão agrícola. O cerrado, por exemplo, foi reduzido para cerca de 20% de sua área original, e apenas 1-5% está protegido. Além disso, a fragmentação do habitat provoca o isolamento das populações. Atropelamentos representam uma das principais causas de mortalidade de lobos-guará no Brasil, especialmente para indivíduos jovens e sub adultos, e muitas estradas e rodovias cortam as Unidades de Conservação do cerrado brasileiro, os motoristas muitas vezes não respeitam limites de velocidade. Quando próximos a áreas urbanas, muitas vezes tem problemas com os cães domésticos, que perseguem e podem matar lobos-guará e também podem ser um importante vetor de doenças. Doenças podem representar uma importante causa de mortalidade na natureza, mas há muito pouca informação disponível sobre a saúde das populações selvagens. Cães domésticos possivelmente competem com o Lobo Guará por alimento. Os lobos-guará não são vistos como uma séria ameaça para o gado, embora possam ocasionalmente ser baleados quando invadem galinheiros. Caça-los é proibido no Brasil, Paraguai e Bolívia.
CITAÇÃO: MAMÍFEROS DO BRASIL - UMA VISÃO ARTÍSTICA, TOMAS SIGRIST 

Nota do Blog - Frequento muito uma mata aqui em Arceburgo/MG, observando aves. Na semana passa um incêndio  destruiu quase toda mata. Enquanto estávamos lá ajudando, a tentar fazer algo para conter as chamas, eis que este Lobo-Guará das fotos, veio subindo pelo capinzal, cansado, ofegante...deixando para traz seu habitat em chamas. Nunca esquecerei esta cena. Não sabia que este amigo habitava lá. Adentrou um cafezal seguido por latidos de cães domésticos.

Risco de Extinção

O lobo é considerado em situação vulnerável pela avaliação do Ministério do Meio Ambiente e o ICMBio. Essa situação varia de um estado para outro, sendo que no Rio Grande do Sul é considerado criticamente ameaçado.
A ocupação humana e a destruição do seu habitat natural são algumas das ameaças à sua sobrevivência. O Cerrado é dos biomas menos protegidos, apesar de possuir grande biodiversidade.
A proximidade do seu habitat com regiões ocupadas gera conflitos de convivência da espécie com o ser humano. É muito difundida a ideia do lobo ser mau e atacar os animais domésticos e as pessoas, mas ele não é agressivo.
Em certas regiões ele caça galinhas, despertando a fúria dos pequenos produtores rurais. No entanto, os ataques do lobo às galinhas não afeta tanto como se costuma pensar. Muitas vezes, são outros animais que atacam e os lobos levam a culpa.
Citação:

Lobo-Guará - Toda Matéria

https://www.todamateria.com.br › Biologia
4 de jul de 2016 - lobo guará é um mamífero que está ameaçado em extinção. Diferentemente de outras espécies de lobo que vivem em matilha, o lobo-guará ...

BICHOS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 21




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