ademir

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Heliconius erato phyllis

Heliconius erato phyllis
Família: Nymphalidae
Sub-família: Heliconiinae
Planta Hospedeira: Passiflora sp.


Biologia
É uma borboleta tropical que apresenta certa de 7 cm de enverdagura. Seu voo é lento, ocorrendo a aproximadamente 2m do solo. Voa durante o dia e à noite reúne-se em pequenos grupos (dormitórios) que podem ser observados ao cair da tarde dentro do borboletário, pousados num mesmo galho. O adulto possui uma faixa vermelha na asa anterior e uma listra amarela na posterior; a coloração do restante da asa varia do preto ao castanho. Os ovos são colocados nos brotos ou nas gavinhas de diversas espécies de maracujazeiros. A lagarta tem espinhos, mede aproximadamente 4 cm e se alimenta das folhas de maracujazeiro. Pode ocorrer canibalismo entre as lagartas, na falta de alimento. 

CITAÇÃO: BORBOLETAS - EVONEO BERTI FILHO - JOÃO ANGELO CERIGNONI


Os adultos de Heliconius erato phyllis (Lepidoptera; Nymphalidae) utilizam como fonte alimentar flores de várias angiospermas, as quais apresentam diversas cores e formas. Neste estudo, avaliou-se em campo, a fenologia de Lantana camara Linnaeus, Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl, Glandularia tenuisecta (Briq.) W. Small (Verbenaceae), Dicliptera tweediana Nees (Acantaceae) e Melothria cucumis Vell (Cucurbitaceae), bem como a distribuição e a utilização destes recursos florais por H. erato phyllis. A distribuição dos recursos foi avaliada pela contagem mensal do número de flores das espécies citadas e a utilização destas através da quantificação de grãos de pólen aderidos à probóscide da borboleta. Em L. camara e S. cayennensis, foi determinada a disponibilidade de pólen e néctar ao longo do dia, a concentração de sacarose do néctar, bem como a resposta deste ninfalídeo quanto à utilização dos recursos florais através de observações focais dos adultos. Em insetário, avaliou-se a preferência deste lepidóptero por diferentes concentrações de sacarose associada a cor dos alimentadores. Para os testes, foram oferecidos alimentadores contendo sacarose nas concentrações de 0, 5, 10, 20 e 40%. A capacidade de associar a cor com a concentração de sacarose do néctar foi avaliada através de testes de escolha, sendo utilizados alimentadores com cores dentro do espectro preferido e não preferido nas concentrações de 0, 10, 20, 40 e 80% de sacarose. Os testes foram realizados em cinco combinações diferentes de cores e concentrações. Investigou-se também a habilidade deste ninfalídeo em discriminar as cores das plantas (folhas) para oviposição. Para os testes, foram oferecidos ramos artificiais de cor verde e roxa, semelhantes aos de Passiflora suberosa Linnaeus. A preferência inata por cores florais foi avaliada oferecendo-se às borboletas recém-emergidas, alimentadores das cores roxo, lilás, verde, amarelo, alaranjado, vermelho, preto e branco. A aprendizagem associativa entre cor e presença de alimento (néctar) foi avaliada em indivíduos capturados e testados durante 6 dias. Nos primeiros três dias, as borboletas recebiam sacarose 1M nos alimentadores vermelhos e após este período (4o dia), para cada ensaio, o alimento foi transferido para alimentadores das cores preto, roxo, lilás, verde, amarelo, alaranjado e branco. L. camara floresceu o ano todo, acentuando-se o número de inflorescências no inverno. As demais espécies (S. cayennensis, G. tenuisecta, M. cucumis e D. tweediana) concentraram a floração na primavera e verão. No inverno, M. cucumis apresentou distribuição aleatória. Para as demais espécies, o padrão de distribuição mostrou-se agregado. Pela análise de regressão múltipla, L. camara explicou a distribuição de H. erato phyllis, exceto no inverno. Em média, o número de grãos de pólen de Lantana camara aderidos à probóscide por borboleta foi significativamente maior em relação às demais angiospermas estudadas. As flores de L. camara disponibilizaram néctar e pólen em maior quantidade e por mais tempo em relação à S. cayennensis. O néctar de S. cayennensis apresentou maior concentração de sacarose em relação às flores de L. camara. H. erato phyllis utilizou com maior freqüência e por um período maior do dia as flores de L. camara. As borboletas preferiram soluções de sacarose entre 10 e 20% e associaram a cor com a concentração preferida, sendo ambos correspondentes ao verificado para L. camara. Para oviposição, H. erato phyllis preferiu os ramos verdes, depositando maior número de ovos e, para alimentação, apresentou preferência inata por um conjunto de cores (vermelho, amarelo e alaranjado). Este heliconíneo foi condicionado a utilizar o alimentador que continha sacarose. Além disso, demonstrou habilidade em mudar o comportamento (condicionamento) utilizando alimentadores de outras cores. Assim, L. camara é um recurso importante para os adultos de H. erato phyllis, tanto numa escala espacial quanto temporal, pois disponibiliza recursos durante um período maior de tempo, em maior quantidade e qualidade adequada. Aliado a isso, destaca-se a preferência inata pelo conjunto de cores, as quais coincidem com o padrão de coloração das inflorescências desta verbenácea e a capacidade de relacionar o padrão de cor preferido com a concentração de sacarose do néctar. Ainda, esta borboleta distingue cores em estratégias comportamentais distintas: oviposição e alimentação. Estes aspectos, em conjunto, ao longo da história evolutiva, provavelmente contribuíram para o uso eficiente das flores de L. camara por H. erato phyllis, bem como uma elevada plasticidade correspondente, possibilitando o uso de diversas outras, quando na ausência desta flor.

CITAÇÃOhttp://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/8652. - UFRGS LUME REPOSITÓRIO DIGITAL


Os adultos alimentam-se também do pólen, que preso à espirotromba é lentamente dissolvido pela saliva. Esta dieta mais rica em proteínas explica sua longevidade como adulto, quase oito meses. Os ovos são depositados isoladamente nos brotos ou nas pontas das gavinhas de maracujás. Ao entardecer reúnem-se às dezenas, em verdadeiros dormitórios, geralmente galhos secos, aos quais voltam todo fim de tarde. Dotadas de excepcional memória, conseguem refazer o percurso onde encontraram recurso alimentar no dia anterior.

Citação: Esta informação esta no material da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, nas pranchas, que me foram doados pelo então Presidente Professor Hugo Werneck.


Fotos de minha autoria, colhidas no Projeto Borboleta, aqui em Arceburgo/MG.

Identificação feita por João Angelo Cerignoni - Esalq/USP.


BORBOLETAS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 14

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