quarta-feira, 1 de abril de 2020

Centris analis


Centris as abelhas coletoras de óleos



O nome Centris significa “espinha”, embora esta denominação dada por Fabricius (cientista que há 200 anos identificou pela primeira vez essa abelha) nunca foi clara, e não nos deixou mais detalhes sobre sua descrição.
    Centris juntamente de Epicharis, são abelhas solitárias pertencente à tribo Centridini, que compreendem 21 gêneros e aproximadamente 250 espécies. Dependendo do gênero, o tamanho das abelhas dessa tribo pode variar de 9 a  32 milimetros. São também conhecidas como abelhas coletoras de óleo. Há cerca de 2000 plantas no mundo que produzem óleos em suas flores e 450 espécies de abelhas que são especializadas na coleta desse óleo, dependem desse recurso para nidificar e alimentar suas larvas.

 A tribo Centridini ocorre na região Neotropical e parte da Neártica; encontrada desde a Argentina até o sul dos Estados Unidos, em tipos vegetacionais diversos como desertos, caatinga, savanas e florestas tropicais.
    Essas abelhas possuem adaptação especial nas pernas anteriores e médias para a coleta do óleo, que consiste em um conjunto de pelos modificados e um pente de cerdas rígidas primário e secundário nas quatro pernas. Este padrão é encontrado em todas Epicharis. Em algumas espécies de Centris, este aparato foi perdido, provavelmente pela ausência de vegetação com óleo a ser oferecido.
Fêmeas da tribo Centridini, podem ser observadas em ocos de bambus, cavidades em galhos e pedaços de madeira, em gêneros de maior tamanho o solo é o substrato mais procurado, assim, é necessário oferecer, substratos vegetais como madeiras furadas e também áreas livres de manejo intensivo com arados agrícolas, para que as populações não sejam afetadas.
Uma vez escolhido o local, ela inicia a construção de células de crias, utilizando o óleo para impermeabilizar as paredes e também para alimento larval, juntamente com o pólen. O alimento consiste em uma mistura de néctar e pólen, e em algumas espécies o óleo também é acrescentado. Em cada célula, providencia a alimentação e deposita um ovo. Ao final, sela a entrada com um pouco de areia ou serragem misturado ao óleo.

Algumas espécies de Centris têm machos extremamente territorialistas, estes indivíduos liberam feromônios no local escolhido para o acasalamento. Defendem cada centímetro quadrado de uma folha, atacando tudo e qualquer inimigo ou concorrente que ouse cruzar o seu espaço.
    Abelhas adultas dessa tribo se alimentam de néctar, e procuram essa fonte de alimento em plantas das famílias Bignoniaceae, Caesalpiniaceae, Passifloraceae, Fabaceae e Sterculiaceae. Para encontrar pólen, visitam Solanaceae, Caesalpinaceae, Malpighiaceae e Plantaginaceae.
Machos e fêmeas da espécie Epicharis flava, são  conhecidos como polinizadores do maracujá doce (Passiflora alata). Ambos buscam néctar nas flores e tocam as anteras com o tórax dorsalmente, e assim realizam o transporte do pólen na polinização cruzada até o estigma da próxima planta e flor visitada.

    A importância dessas abelhas na fauna se dá pela sua grande diversidade de espécies, pela variação de tamanho entre os gêneros, pela ampla distribuição e interação com muitas espécies de plantas. No Brasil , temos Centris como importante polinizadora da acerola, do maracujá e da castanha do Pará.
Introduzida no Brasil nas décadas de 70 e 80, hoje a aceroleira é cultivada em todo o país, por ser bem adaptada às condições locais, seu cultivo é indicado para pomares caseiros, necessita de polinização cruzada, sua flor é fonte de óleo, que é utilizado por estes polinizadores e assim proporcionando a nós, oferta de frutos que podem, ser produzidos de forma orgânica.
    Vale ressaltar a importância de conhecer as abelhas nativas, e como algumas relações são específicas e exclusivas. Fauna e flora brasileira contêm uma riqueza inestimável e fazemos parte de uma cadeia de preservação, adaptação  e perpetuação destas espécies.


Plantas que polinizam e indicadas para pomares caseiros 
acerola – Malpighia emarginata
cajú – Anacardium occidentale
castanha do pará – Bertholletia excelsa
goiaba – Psidium guajava
urucum – Bixa orellana
tamarindo – Tamarindus indica
maracujá doce – Passiflora alata

Plantas atrativas:
feijão guandú – Cajanus cajan
picão amarelo – Bidens rubifolia
murici – Banisteriopsis stellaris
margaridão mexicano – Tithonia diversifolia
lobeira – Solanum lycocarpum
ipê amarelo – Handroanthus ochraceus

Se você se interessou por abelhas solitárias, confira essa matéria sobre as Euglossini, as abelhas das orquídeas.
Esse material é uma colaboração de Adriana Tiba (texto)  e Julio Pupim (fotos) que gentilmente disponibilizaram esse material para publicação em nosso site.
Adriana Tiba é ceramista e criadora livre de abelhas. Confira sua página no facebok
Julio Pupim é agricultor e Conselheiro da SOS Abelhas sem Ferrão. Confira seu álbum de fotos de abelhas no Flickr.
Citação:

Resultados da pesquisa

Resultados da Web

23 de jul. de 2017 - Fêmea de Centris analis [Foto de Julio Pupim]. Fêmeas da tribo Centridini, podem ser observadas em ocos de bambus, cavidades em galhos .
Colaboração dos amigos da ABENA - Abelhas Nativas:
André Goba.
Ademir Becker.
Jair Bertolaso  Bento.

Agradecimento a Adriana Tiba pelo texto acima, identificação da espécie.
Foi vendo a matéria dela na TV, que fiz o condomínio para as ASF em especial as solitárias.
Enfim a motivação veio dela, acredito que muitos pelo Brasil afora, também estão na mesma sintonia.
Divulgar, aprender para preservar.


ABELHAS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 10

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