Lontra longicaudis (Olfers, 1818)
Risco de Extinção
Quase ameaçada (NT)
Submetido em: 22 / 09 / 2012
Aceito em: 21 / 06 / 2013
Ordem: Carnivora
Família: Mustelidae
Nome popular
Lontra, lontra neotropical, lobinho-derio,
lontrinha (português); neotropical
otter, long-tailed otter, neotropical
river otter, south american river otter
(inglês); nutria verdadera, lobito, lobito
de río, lobo-pé, lobo de río chico
(espanhol)
Justificativa
Lontra longicaudis possui ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em quase todas as regiões onde os corpos d’água são propícios, como rios, riachos, lagoas e em áreas costeiras com disponibilidade de água doce. Apesar disso, considerando-se que a taxa de desmatamento no Brasil é de cerca de 1% ao ano, estima-se um declínio populacional da espécie de aproximadamente 20% nos próximos 20 anos (3 gerações). Associado a isso, perdas decorrentes de outros fatores como abate por retaliação ao conflito com a pesca e piscicultura, poluição, e expansão da malha hidroenergética podem levar o declínio populacional a se aproximar de 30% nos próximos 20 anos, quase atingindo o limite para a categoria Vulnerável (VU) de acordo com o critério A3cde. Não existem evidências de emigração ou imigração de indivíduos entre o Brasil e os países vizinhos. Desta forma, L. longicaudis é classificada como Quase ameaçada (NT). A fim de analisar a situação da espécie ao longo de sua área de distribuição, foi realizada uma avaliação por Bioma. As informações utilizadas para avaliação em cada bioma forneceram subsídios para a avaliação nacional.
Habitat e ecologia
Lontra longicaudis vive em locais próximos a corpos d’água, estando presentes em rios, córregos, lagos, igarapés, igapós, estuários, manguezais e enseadas marinhas (Carvalho Junior et al. 2005, V.C.F. Silva, comunicação pessoal). A espécie prefere ambientes de águas claras, com fluxo de água intenso (Quadros & Monteiro-Filho 2001, Larivière 1999) e parece estar associada (embora não limitada) à presença de corredeiras (C.B. Kasper, comunicação pessoal). Podem viver em áreas de florestas úmidas e decíduas, com boas condições de vegetação ribeirinha e com abundância de locais potenciais para tocas e áreas de descanso (Larivière 1999). CarvalhoJunior et al. (2004) registraram a ocorrência de lontras em ilhas costeiras na região de Santa Catarina, sugerindo que a presença da espécie em ambientes marinhos pode ser maior do que se supõe no momento. As lontras são animais de hábitos solitários, embora possam ser observados pequenos grupos compostos de fêmeas e filhotes. São carnívoros semi-aquáticos com adaptações morfológicas e fisiológicas que permitem a eficiente ocupação dos ambientes aquáticos (Estes 1989 citado em Rheingantz et al. 2011). A espécie apresenta uma forte dependência por corpos d’água, principalmente para se alimentar. Sua dieta é composta preferencialmente por peixes e crustáceos, podendo incluir outros grupos de vertebrados e invertebrados (Pardini 1998, Colares & Waldemarin 2000, Quadros & Monteiro-Filho 2001, Waldemarin 2004, Kasper et al. 2004, Carvalho-Junior 2007, Carvalho-Junior et al. 2010a, 2010b, Rheingantz et al. 2011). Geralmente, capturam seu alimento na água, comendo-o em terra, em refúgios característicos (Waldemarin 2004), ou sobre rochas e troncos. Quadros & Monteiro-Filho (2000) observaram o consumo de três espécies de frutos na Reserva Volta Velha (Paraná). Os autores concluíram que a presença de sementes nas fezes analisadas pode ocorrer devido à alta disponibilidade do recurso no ambiente e, nestas condições, a lontra pode atuar como um dispersor de sementes. Segundo Pardini (1996), a lontra pode utilizar como refúgio praticamente qualquer cavidade disponível na margem do rio, assim como escavar buracos rasos ou abrir espaços em meio à vegetação. No estudo realizado no Vale do Alto Ribeira, a autora observou a utilização de cavernas 222 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Avaliação do Estado de Conservação dos Carnívoros para, provavelmente, a criação dos filhotes, o que foi corroborado pelos registros de CarvalhoJunior (2007). A nidificação ocorre em gramíneas, bancos de folhas, buracos cavados em barrancos de rio e em ocos de árvores. Geralmente, as tocas ocorrem até aproximadamente 150m dos corpos d’água (Parera 1996, Cheida et al. 2006), embora normalmente estejam localizadas a poucos metros (<10 m) das margens, com acesso direto a água (Kasper et al. 2008). Santos et al. (2007) observaram um filhote de lontra ocupando um abrigo em uma cavidade na copa de uma árvore, na Estação Ecológica de Anavilhanas (AM), durante o pico de inundação. A espécie geralmente apresenta padrões de atividades diurnas, contudo pode apresentar um regime de vida noturno, diante de distúrbios antrópicos no ambiente (Parera 1996, Cheida et al. 2006). No estado de SC, Carvalho-Junior et al. (2005) observaram maior atividade da espécie nas primeiras horas da manhã, no crepúsculo e durante a noite, concordando com as observações de Duplaix (1980). Apesar de apresentar forte dependência de corpos d’água, algumas atividades da espécie são realizadas no ambiente terrestre, como por exemplo, sinalização odorífera, reprodução, descanso e cuidado parental (Rheingantz el al. 2011). Marcações odoríferas são um importante mecanismo de comunicação para a espécie (Parera 1996). As fezes e mucos são depositados em locais visíveis, podendo ser usados para comunicar a presença do indivíduo a intrusos coespecíficos e para coordenar a atividade sexual (Larivière 1999). A reprodução ocorre principalmente na primavera, no entanto pode ocorrer em qualquer época do ano em algumas localidades (Parera 1996, Cheida et al. 2006). A gestação dura de 56 a 86 dias, nascendo de 1 a 5 filhotes, que ficam sob os cuidados da mãe durante o primeiro ano de vida (Bertonatti & Parera 1994 citado em Larivière 1999, Arcila & Ramirez 2004). Os filhotes nascem cegos e iniciam suas atividades aquáticas com aproximadamente 74 dias (Jacome & Parera 1995 citado em Larivière 1999). Em alguns biomas, L. longicaudis e Pteronura brasiliensis vivem em simpatria. No entanto, a competição é reduzida devido às diferenças na preferência de habitats, tamanho das presas e ao hábito mais crepuscular da lontra (Larivière 1999, Silva 2010).
Justificativa
Lontra longicaudis possui ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em quase todas as regiões onde os corpos d’água são propícios, como rios, riachos, lagoas e em áreas costeiras com disponibilidade de água doce. Apesar disso, considerando-se que a taxa de desmatamento no Brasil é de cerca de 1% ao ano, estima-se um declínio populacional da espécie de aproximadamente 20% nos próximos 20 anos (3 gerações). Associado a isso, perdas decorrentes de outros fatores como abate por retaliação ao conflito com a pesca e piscicultura, poluição, e expansão da malha hidroenergética podem levar o declínio populacional a se aproximar de 30% nos próximos 20 anos, quase atingindo o limite para a categoria Vulnerável (VU) de acordo com o critério A3cde. Não existem evidências de emigração ou imigração de indivíduos entre o Brasil e os países vizinhos. Desta forma, L. longicaudis é classificada como Quase ameaçada (NT). A fim de analisar a situação da espécie ao longo de sua área de distribuição, foi realizada uma avaliação por Bioma. As informações utilizadas para avaliação em cada bioma forneceram subsídios para a avaliação nacional.
Habitat e ecologia
Lontra longicaudis vive em locais próximos a corpos d’água, estando presentes em rios, córregos, lagos, igarapés, igapós, estuários, manguezais e enseadas marinhas (Carvalho Junior et al. 2005, V.C.F. Silva, comunicação pessoal). A espécie prefere ambientes de águas claras, com fluxo de água intenso (Quadros & Monteiro-Filho 2001, Larivière 1999) e parece estar associada (embora não limitada) à presença de corredeiras (C.B. Kasper, comunicação pessoal). Podem viver em áreas de florestas úmidas e decíduas, com boas condições de vegetação ribeirinha e com abundância de locais potenciais para tocas e áreas de descanso (Larivière 1999). CarvalhoJunior et al. (2004) registraram a ocorrência de lontras em ilhas costeiras na região de Santa Catarina, sugerindo que a presença da espécie em ambientes marinhos pode ser maior do que se supõe no momento. As lontras são animais de hábitos solitários, embora possam ser observados pequenos grupos compostos de fêmeas e filhotes. São carnívoros semi-aquáticos com adaptações morfológicas e fisiológicas que permitem a eficiente ocupação dos ambientes aquáticos (Estes 1989 citado em Rheingantz et al. 2011). A espécie apresenta uma forte dependência por corpos d’água, principalmente para se alimentar. Sua dieta é composta preferencialmente por peixes e crustáceos, podendo incluir outros grupos de vertebrados e invertebrados (Pardini 1998, Colares & Waldemarin 2000, Quadros & Monteiro-Filho 2001, Waldemarin 2004, Kasper et al. 2004, Carvalho-Junior 2007, Carvalho-Junior et al. 2010a, 2010b, Rheingantz et al. 2011). Geralmente, capturam seu alimento na água, comendo-o em terra, em refúgios característicos (Waldemarin 2004), ou sobre rochas e troncos. Quadros & Monteiro-Filho (2000) observaram o consumo de três espécies de frutos na Reserva Volta Velha (Paraná). Os autores concluíram que a presença de sementes nas fezes analisadas pode ocorrer devido à alta disponibilidade do recurso no ambiente e, nestas condições, a lontra pode atuar como um dispersor de sementes. Segundo Pardini (1996), a lontra pode utilizar como refúgio praticamente qualquer cavidade disponível na margem do rio, assim como escavar buracos rasos ou abrir espaços em meio à vegetação. No estudo realizado no Vale do Alto Ribeira, a autora observou a utilização de cavernas 222 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Avaliação do Estado de Conservação dos Carnívoros para, provavelmente, a criação dos filhotes, o que foi corroborado pelos registros de CarvalhoJunior (2007). A nidificação ocorre em gramíneas, bancos de folhas, buracos cavados em barrancos de rio e em ocos de árvores. Geralmente, as tocas ocorrem até aproximadamente 150m dos corpos d’água (Parera 1996, Cheida et al. 2006), embora normalmente estejam localizadas a poucos metros (<10 m) das margens, com acesso direto a água (Kasper et al. 2008). Santos et al. (2007) observaram um filhote de lontra ocupando um abrigo em uma cavidade na copa de uma árvore, na Estação Ecológica de Anavilhanas (AM), durante o pico de inundação. A espécie geralmente apresenta padrões de atividades diurnas, contudo pode apresentar um regime de vida noturno, diante de distúrbios antrópicos no ambiente (Parera 1996, Cheida et al. 2006). No estado de SC, Carvalho-Junior et al. (2005) observaram maior atividade da espécie nas primeiras horas da manhã, no crepúsculo e durante a noite, concordando com as observações de Duplaix (1980). Apesar de apresentar forte dependência de corpos d’água, algumas atividades da espécie são realizadas no ambiente terrestre, como por exemplo, sinalização odorífera, reprodução, descanso e cuidado parental (Rheingantz el al. 2011). Marcações odoríferas são um importante mecanismo de comunicação para a espécie (Parera 1996). As fezes e mucos são depositados em locais visíveis, podendo ser usados para comunicar a presença do indivíduo a intrusos coespecíficos e para coordenar a atividade sexual (Larivière 1999). A reprodução ocorre principalmente na primavera, no entanto pode ocorrer em qualquer época do ano em algumas localidades (Parera 1996, Cheida et al. 2006). A gestação dura de 56 a 86 dias, nascendo de 1 a 5 filhotes, que ficam sob os cuidados da mãe durante o primeiro ano de vida (Bertonatti & Parera 1994 citado em Larivière 1999, Arcila & Ramirez 2004). Os filhotes nascem cegos e iniciam suas atividades aquáticas com aproximadamente 74 dias (Jacome & Parera 1995 citado em Larivière 1999). Em alguns biomas, L. longicaudis e Pteronura brasiliensis vivem em simpatria. No entanto, a competição é reduzida devido às diferenças na preferência de habitats, tamanho das presas e ao hábito mais crepuscular da lontra (Larivière 1999, Silva 2010).
Citação:
Lontra longicaudis - ICMBio
www.icmbio.gov.br/portal/images/...do.../lontraneotropical_lontra_longicaudis.pdf
12 de ago de 2013 - Lontra longicaudis possui ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em quase todas as regiões onde os corpos d'água são propícios, como rios, ...
Identificação feita por
Luiz Pires, Zootecnista, diretor ZOO/BAURU
Luiz Pires, Zootecnista, diretor ZOO/BAURU
Fotos que fiz no nosso rio da onça, próximo a Secretaria de Meio ambiente.
BICHOS DE ARCEBURGO/MG - NUMERO 30
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